O III Encontro Temático da Regional Nordeste II do ANDES-SN, realizado sexta-feira e sábado passados (dias 26 e 27), recebeu representantes de sete seções sindicais para debater o Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e definir como o movimento docente deve acompanhar a execução dos projetos de expansão universitária.

Realizado pela ADUFPB na sede sociocultural da entidade, o evento contou com a participação de representantes do próprio sindicato e também das entidades de docentes da Universidade Federal de Campina Grande (ADUFCG), da regional de Cajazeiras (ADUP), das universidades estaduais da Paraíba (ADUEPB) e do Rio Grande do Norte (ADUERN), da Universidade Rural de Pernambuco (ADUFRPE) e da Universidade Federal de Pernambuco (ADUFPE).

Na sexta-feira, o encontro teve início às 19h com a apresentação da professora Lighia Brigitta Matsushigue, 2ª vice-presidente Regional São Paulo do ANDES-SN, que falou sobre “Reforma Universitária: Realidade e Reflexos sobre a Universidade Pública”. Já no sábado, a partir das 9h, o debate foi sobre “Expansão do Ensino Superior Público: realidade, alcance e limites”.

Na opinião da professora Lighia Matsushigue, o Reuni foi implantado em quase todas as universidades federais sem tempo para haver maturação devida das propostas. Um dos maiores problemas é a dificuldade no acompanhamento da execução pela falta de acesso ao Acordo de Metas efetivamente assinado pelos reitores

Ela afirma que o projeto Reuni está em acordo com propostas vindas da Unesco e do Banco Mundial sobre diversificação da Educação Superior e flexibilização de currículos. Entretanto, se não houver resistências, “pode facilitar o rebaixamento da qualidade de formação superior pública e, assim, facilitar os objetivos mercantis do setor privado, expressos nos projetos da Reforma Universitária em tramitação no Congresso”.

De acordo com o presidente da ADUFPB, professor Jaldes Reis de Meneses, “o Reuni é um projeto em curso já há dois anos, estando portando defasado o debate entre ser contra ou a favor. Como o projeto encontra-se em curso, trata-se de atuar sobre o seus efeitos e conseqüência, verificando o que aconteceu de positivo, como a contratação de novos professores, e combater as distorções”.

Na opinião dele, a reunião do ANDES foi importante no sentido de ter socializado informações que estavam dispersas e de outra maneira seriam perdidas. “Para mim, como síntese, ficou claro que o encontro deste final de semana sinalizou para três grandes desafios no acompanhamento do Reuni: transparência, verificação da consistência acadêmica e a infra-estrutura de alguns dos novos cursos e o problema, que vai começar a aparecer, do preenchimento de algumas das vagas criadas, que estão se tornando rapidamente ociosas”.

Na UFPB, por exemplo, mais de 400 vagas oferecidas no PSS ainda não foram ocupadas e no novo campus de Caruaru, da UFPE, em torno de mil vagas estão ociosas. “Evidentemente, continua a existir a demanda de acesso à juventude pelo ensino superior, porém cursos mal formulados, montados de afogadinho e com infraestrutura lastimável não configuram atrativos, ou são atrativos somente no primeiro vestibular”, afirma Jaldes.

Para o presidente da ADUFPB, enfim, provavelmente não serão cumpridas as metas principais do Reuni – aumento do percentual de conclusão para 90% e média de 18 alunos por professor. “Isso, na verdade, já estava ‘anunciado’ desde o começo da execução do projeto: apenas o Japão tem um fluxo de acesso e conclusão, entre os países desenvolvidos, superior a 90%. Quem se der à pachorra de consultar as cadernetas escolares no final do semestre letivo, combinado com o fluxo de aproveitamento das vagas ociosas, vai verificar a irrealidade da meta dos 90%”.

Quanto à média de 18 alunos por professor, ele diz que é importante perceber que algumas Universidades, como UFMG, UFRJ, UFSC e UFRGS, que contam com um percentual razoável de professores lotados em programas de Pós-Graduação tiveram um desconto no cálculo da relação professor/aluno. Apesar das novas contratações, a falta de docentes continua sendo um problema grave.

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