Começa na próxima terça-feira (9/7) o IV Encontro Internacional “A Economia dos Trabalhadores” – Alternativas autogestionárias e o trabalho frente à crise econômica global. O evento conta com o apoio da ADUFPB e acontece na Universidade Federal da Paraíba até a sexta-feira, (12/7). A organização é da Incubadora de Empreendimentos Solidários da UFPB (INCUBES) e do Programa Facultad Abierta, da Universidad de Buenos Aires.

Em um contexto internacional no qual a crise global capitalista afeta mais diretamente aos países europeus, especialmente os da zona mediterrânea, e a única reação dos governos consiste nas mesmas receitas que já foram provadas no resto do mundo, que só levam ao empobrecimento, a desocupação estrutural, a marginalização e à precarização da vida das maiorias sociais que vivem do seu trabalho, grandes movimentos de protesto começaram a reagir nos países “desenvolvidos” mais aferrados pela crise, recolocando no centro do cenário a necessidade de que a gestão da economia não apenas contemple as necessidades sociais, mas que esteja nas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Nos países do chamado Terceiro Mundo, especialmente na América Latina, amplos movimentos sociais, organizações populares e movimentos de trabalhadores tem desenvolvido processos de organização de base nos quais, em muitos casos, tem se expressado a autogestão das unidades econômicas produtivas ou de serviços, como é o caso das empresas recuperadas por seus trabalhadores e outras formas de autogestão do trabalho, tanto urbanas como rurais. Em alguns casos, estes movimentos populares conseguiram se articular com o poder público, como se vê em vários países sulamericanos, colocando a questão do papel dos Estados como possíveis potencializadores destes processos, uma vez que são objeto de disputa e aparato de poder tradicional, e colocando em debate novamente a relação entre este poder estatal e a autonomia do movimento popular.

O Encontro Internacional “A Economia dos Trabalhadores” busca colocar em debate estas questões e outras relacionadas com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras, nas diferentes perspectivas e contextos nacionais, articulando o mundo acadêmico comprometido com essas lutas e os trabalhadores e militantes sociais. Busca conformar assim um espaço de debate que se vem desenrolando, tendo como perspectiva e ponto de partida as experiências de autogestão econômica dos trabalhadores. Empresas recuperadas, experiências de autogestão do trabalho, cooperativas, movimentos de trabalhadores organizados sindicalmente, trabalhadores rurais, movimentos sociais, correntes políticas e intelectuais, entre outros, temos desenvolvido este Encontro do qual tem participado mais de 20 países.

Eixos de debate:
1.Crítica à gestão capitalista da economia e propostas de autogestão global;
2. A nova crise do capitalismo global: análise a partir da economia dos/as trabalhadores/as;
3. Autogestão, balanço histórico: das comunidades tradicionais ao movimento operário;
4. A autogestão na etapa atual: seus problemas e potencialidades. Empresas recuperadas, empreendimentos autogestionários dos povos originários, camponeses, e dos movimentos sociais;
5. Autogestão e gênero: criando democracia.
6. A experiência socialista: crítica, passado e futuro;
7. Os desafios da experiência sindical no capitalismo neoliberal global;
8. Trabalho informal, precário e servil: exclusão social ou reformulação das formas de trabalho no capitalismo global?
9. Os novos movimentos de resposta à crise econômica global: perspectivas a partir das lutas pela autogestão;
10. Os desafios dos governos populares na gestão social da economia e do Estado;
11. A universidade, trabalhadores e movimentos sociais: debate em torno das metodologias e práticas de construção mútua.
12. Pedagogia da Autogestão

Fonte: Henrique Tahan Novaes

* Com edição da ADUFPB