5 DE AGOSTO CIDADE N. S. DAS NEVES
(*) José Flávio Silva
Posso está enganado com a sequência dos fatos ocorridos sobre a cidade de N. S. das Neves. Entendo que os conquistadores Martim Leitão, João Tavares e Frutuoso Barbosa encontraram-se no topo da colina, onde logo abaixo, no sopé, serpenteava, volumoso em água, um rio, conhecido entre os naturais por Para-aiba, nas indicação cartográfica, da época, Parayba. Contemplaram, até onde os olhos alcançavam, a vastidão verde, selvagem e inóspita. Então decidiram: é aqui que serão edificados os prédios para estruturar a cidade. Ao lado deles estavam alguns padres da Companhia de Jesus. Consenso religioso entre si, batizaram o terreno com o nome de N. S. das Neves. Porque N. S. das Neves? Porque o dia 5 de agosto é dedicado à senhora das neves (1).
O segundo fato, antes de iniciar-se a construção, acrescentou-se o nome de Felipeia ao nome da cidade, ficando Felipeia de N. S. das Neves.
O terceiro fato aconteceu algumas décadas depois. Em 1635, Felipeia de N. S. das Neves foi cognominada de Frederickstadt, por imposição dos holandeses. A conquista da capitania da Parahyba realizou-se no ano anterior. Os batavos dominavam a cidade e algumas localidades circunvizinhas, principalmente os engenhos de fabricação de açúcar.
Certamente, a cidade era um pandemônio lingüístico, convivia-se com quatro línguas: 1) Felipeia de N. S. das Neves (português/espanhol); 2) Frederickstadt (holandês); 3) Frederica (português); 4) Parayba (tupi).
As águas seguem o leito do rio. A ideia segue uma linha que lhe dá sustentação. O filósofo pré-socrático Heráclito mencionava as águas do rio, para posicionar-se na sua ideia de movimento. Assinando em baixo dessa proposta o filósofo alemão Hegel, acrescentou que a ideia era o fio condutor da dialética. A cidade da Parahyba é a linha que sustenta a ideia de cidade. As águas que percorrem o leito do rio têm sua fonte. A origem do nome Para-aiba vem do tronco lingüístico tupi, língua que não conhecia metafísica. No entanto, forneceu o nome para o rio que batizou a capitania da Parahyba.  Significa dizer que antes da criação da capitania, o rio já era conhecido entre os potiguar, aquele acima citado.
Os nomes N. S. das Neves, Felipeia de N. S. das Neves e Frederickstadt, não vingaram porque foram, parece-me, impostos pelos dominadores: portugueses, espanhóis e batavos. No entanto, Parahyba era a capitania e as pessoas ligavam, umbilicalmente, Parahyba como território e Parahyba como sede, assim como os municípios têm os seus nomes e as suas sedes os mesmos nomes. Confundia-se capitania e sede. Alguns documentos da primeira metade do século XVII dão conta disso. Elza Regis, professora aposentada da UFPB e outros pesquisadores foram até os arquivos armazenados em Portugal à procura de documentos sobre a capitania. Não encontraram quaisquer documentos encabeçados com o nome Felipeia de N. S. das Neves, ou simplesmente Felipeia. É o que consta do catálogo publicado pela Editora Universitária da UFPB.
O dia 5 de agosto não é o dia de aniversário de nascimento da pessoa João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Este é 24 de janeiro. Nem é aniversário de João Pessoa capital, assunto para outro artigo. Este é 4 de setembro. Portanto, o batizado da capital da Paraíba, hoje, outrora denominada N. S. das Neves, foi no dia 5 de agosto de 1585. Como batismo é sacramento, seguindo a doutrina católica, isto quer dizer, é indelével, ou seja, uma vez batizada não há como retirar o caráter do batismo. Não há como mudar essa data natalícia.
Portanto, quem aniversaria no dia 5 de agosto de 2010 é a cidade de N. S. das Neves, em conexão com a capitania da Parahyba. Difícil é separar, neste contexto, Parahyba capitania, de Parahyba sede, por imposição dialeticamente histórica.
____________________
(1) Joaquim Antonio Marques, vigário da Cidade da Parahyba, na primeira metade do século XIX, no “Sermão N. S. das Neves”, explica o porquê o nome N. S. das Neves.
(*) José Flávio Silva: professor aposentado da UFPB.

(*) José Flávio Silva

joaopessoa_aniversárioPosso está enganado com a sequência dos fatos ocorridos sobre a cidade de N. S. das Neves. Entendo que os conquistadores Martim Leitão, João Tavares e Frutuoso Barbosa encontraram-se no topo da colina, onde logo abaixo, no sopé, serpenteava, volumoso em água, um rio, conhecido entre os naturais por Para-aiba, nas indicação cartográfica, da época, Parayba. Contemplaram, até onde os olhos alcançavam, a vastidão verde, selvagem e inóspita. Então decidiram: é aqui que serão edificados os prédios para estruturar a cidade. Ao lado deles estavam alguns padres da Companhia de Jesus. Consenso religioso entre si, batizaram o terreno com o nome de N. S. das Neves. Porque N. S. das Neves? Porque o dia 5 de agosto é dedicado à senhora das neves (1).

O segundo fato, antes de iniciar-se a construção, acrescentou-se o nome de Felipeia ao nome da cidade, ficando Felipeia de N. S. das Neves.

O terceiro fato aconteceu algumas décadas depois. Em 1635, Felipeia de N. S. das Neves foi cognominada de Frederickstadt, por imposição dos holandeses. A conquista da capitania da Parahyba realizou-se no ano anterior. Os batavos dominavam a cidade e algumas localidades circunvizinhas, principalmente os engenhos de fabricação de açúcar.

Certamente, a cidade era um pandemônio lingüístico, convivia-se com quatro línguas: 1) Felipeia de N. S. das Neves (português/espanhol); 2) Frederickstadt (holandês); 3) Frederica (português); 4) Parayba (tupi).

As águas seguem o leito do rio. A ideia segue uma linha que lhe dá sustentação. O filósofo pré-socrático Heráclito mencionava as águas do rio, para posicionar-se na sua ideia de movimento. Assinando em baixo dessa proposta o filósofo alemão Hegel, acrescentou que a ideia era o fio condutor da dialética. A cidade da Parahyba é a linha que sustenta a ideia de cidade. As águas que percorrem o leito do rio têm sua fonte. A origem do nome Para-aiba vem do tronco lingüístico tupi, língua que não conhecia metafísica. No entanto, forneceu o nome para o rio que batizou a capitania da Parahyba.  Significa dizer que antes da criação da capitania, o rio já era conhecido entre os potiguar, aquele acima citado.

Os nomes N. S. das Neves, Felipeia de N. S. das Neves e Frederickstadt, não vingaram porque foram, parece-me, impostos pelos dominadores: portugueses, espanhóis e batavos. No entanto, Parahyba era a capitania e as pessoas ligavam, umbilicalmente, Parahyba como território e Parahyba como sede, assim como os municípios têm os seus nomes e as suas sedes os mesmos nomes. Confundia-se capitania e sede. Alguns documentos da primeira metade do século XVII dão conta disso. Elza Regis, professora aposentada da UFPB e outros pesquisadores foram até os arquivos armazenados em Portugal à procura de documentos sobre a capitania. Não encontraram quaisquer documentos encabeçados com o nome Felipeia de N. S. das Neves, ou simplesmente Felipeia. É o que consta do catálogo publicado pela Editora Universitária da UFPB.

O dia 5 de agosto não é o dia de aniversário de nascimento da pessoa João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Este é 24 de janeiro. Nem é aniversário de João Pessoa capital, assunto para outro artigo. Este é 4 de setembro. Portanto, o batizado da capital da Paraíba, hoje, outrora denominada N. S. das Neves, foi no dia 5 de agosto de 1585. Como batismo é sacramento, seguindo a doutrina católica, isto quer dizer, é indelével, ou seja, uma vez batizada não há como retirar o caráter do batismo. Não há como mudar essa data natalícia.

Portanto, quem aniversaria no dia 5 de agosto de 2010 é a cidade de N. S. das Neves, em conexão com a capitania da Parahyba. Difícil é separar, neste contexto, Parahyba capitania, de Parahyba sede, por imposição dialeticamente histórica.

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(1) Joaquim Antonio Marques, vigário da Cidade da Parahyba, na primeira metade do século XIX, no “Sermão N. S. das Neves”, explica o porquê o nome N. S. das Neves.

(*) José Flávio Silva: professor aposentado da UFPB.